Trilhos de Mértola, 3ª edição - Corrida, gastronomia e paisagens

Porque corremos? Por várias razões, uma das quais é fazer turismo, conhecer novos lugares ou revisitar sítios conhecidos há muitos anos e provar, em Portugal, alguns dos bons pratos da nossa gastronomia.

Foi essa  uma das razões que nos levou à inscrição nos Trilhos de Mértola, no Trail Curto, que o "corpinho" já não se dá bem com distâncias muito longas.

Saímos de Lisboa no sábado, sob forte chuva, que nos acompanhou nos mais de 200 km que fizemos até Mértola, com paragem em Beja para comprar um boné, de que me tinha esquecido. Fica mais um para  a coleção. O boné é bom para o Sol mas também para a chuva, pois a pala  impede que esta nos caia diretamente nos olhos. E essa era a perspetiva que tínhamos para o dia da corrida.

Reservámos um quarto no turismo rural "Horta da Quintã", situado na povoação de Quintã, a cerca de 6 km de Mértola, na direção das Minas de S. Domingos. Chegámos perto do fim da tarde e foi difícil de encontrar, mesmo com GPS, pois o caminho final era de terra e não se via o local. Um telefonema resolveu o problema. O dono do turismo, José Oliveira, recebeu-nos com grande simpatia, sob chuva de alguma intensidade. Recomendou-nos alguns restaurantes e lá fomos jantar ao "Brasileiro" em Mértola, depois de fazermos um passeio pela linda vila sobre o Rio Guadiana guardada pelo seu altaneiro Castelo.

Correu muito bem o jantar. Para mim um estufadinho de javali de montaria e para a Luisinha, migas de espargos. Dois pratos tipicamente alentejanos

Estufado de javali de montaria
Migas de espargos
Pedimos uma dose para cada, que no meu caso se revelou demasiada comida, pelo que pedi o "doggy bag" para levar para o meu jantar de domingo. Estava mesmo bom e a quantidade era tanta que até deu para dividir com o meu filho Francisco.

Depois do jantar subimos ao Cerrinho das Neves, já noite,  onde tirámos uma bonita foto sobre a parte antiga de Mértola.
Foto do Cerrinho das Neves: Mértola by night
De regresso ao turismo rural os donos José Oliveira e mulher estiveram connosco na conversa, numa sala anexa, com lareira, na qual ele colocou um tronco de madeira de azinho que durou até a manhã seguinte. Durante a noite fartou-se de chover e já estava  a pensar que se a chuva fosse intensa era capaz de não fazer a corrida e ir fazer turismo. Mas, surpreendentemente, o dia revelou-se excelente, sorte de corredor. Um pequeno almoço substancial, com produtos regionais preparado pelo simpático casal Oliveira, pessoas do nosso escalão etário, com quem descobrimos ter lugares, conhecidos e amigos comuns. De facto, vivemos numa pequena freguesia. As brasas da noite deram para colocar numa "braseira", coisa que a Luisinha conhecia muito bem, pois viveu vários anos em Beja, mas que para mim foi novidade. Colocam-se brasas da lareira num prato metálico que fica numa mesa circular coberta por uma manta grossa que dá para cobrir as pernas. Posso dizer-vos que é uma sensação excelente nas pernas e pés.

Luisinha a desfrutar da braseira, em estágio para a corrida
 
Antes da corrida, em frente ao pódio
Reconfortados por um excelente pequeno- almoço, sob um Sol tímido, lá fomos para o Pavilhão Desportivo à porta do qual se iniciavam as diversas corridas, 49, 22 e 12 km, mais caminhada.


Iniciámos a corrida no lado Sul de Mértola, passámos a ponte sobre o Guadiana, após a qual encontrámos um single track estreito, muito bonito, mas difícil. Durante a prova passámos por algumas ribeiras, algumas das quais com água até ao joelho, o  que deu para limpar os sapatos da muita lama que íamos acumulando. Passámos por  sítios muito bonitos com cheiro a tojo, muito agradável para a vista, mas com muitos "sobe e desce". Um desnível positivo de 450 m, para 12 km. Nada mau. A propósito, além de me esquecer do boné também me esqueci do GPS, pelo que a corrida não vai contar para o Strava. O PDI é lixado......ehehehhe.

A parte final dos Trilhos, junto à margem Sul do Guadiana com vista para Mértola, tinha paisagens soberbas, uma das quais uma enorme cascata, muito bonita. A última subida, para perto da ponte foi talvez a mais difícil de todas, até tinham um cartaz a dizer "Última Subida" no seu início, para animar a malta. Fui em direção à meta, calmamente com cerca de 2:09 horas, onde recebemos uma medalha com uma base plástica de cor laranja e um topo em cortiça, muito bonita. A Luisinha demorou 1:52, apenas 17 minutos menos. Na Caparica, a  diferença tinha sido de 30 minutos. Vou "apanhá-la" em breve.

Como era de esperar, a Luisinha ficou em 1º lugar do escalão F55 e acumulou com um 15ª lugar da Geral Feminina. O prémio, de madeira, era muito bonito.
Luisinha, a receber prémio

Ensopado de borrego à antiga, com pão alentejano de S. Miguel
Acorda de perdiz









A entrega dos prémios terminou por volta das 14 horas. Fomos almoçar no "Brasileiro", a Luisinha optou por uma açorda de perdiz, prato que conhecia bem mas que não provava há já muitos anos e eu por um belo ensopado de borrego. Tinha trocado alguns contatos pelo Messenger com o Luís Matos Ferreira, que me revelou ser apreciador do ensopado de borrego, pelo que pedi uma dose da qual ainda sobrou uma boa parte para o já costumeiro "doggy bag" que entreguei ao Luís, ao fim do dia de Domingo, para o seu jantar. Espero que tenhas gostado, Luís.

Eu, ao jantar em Lisboa, fiquei-me pelos restos do estufadinho de javali, que estava soberbo, talvez ainda melhor que no almoço de sábado

E assim terminou um fim de semana de corrida, gastronomia e visita a uma das mais bela vilas de Portugal.

Em Junho próximo regressaremos para um fim de semana de caminhadas pela região



Comentários

  1. Amigo João,

    antes de mais muito obrigado pelo Ensopado, estava delicioso!

    Depois, darias um excelente jornalista da uma revista de viagens. Fiquei com imensa vontade de visitar Mértola!

    Abraço

    Luis

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  2. Gosto muito do texto e da descrição. Mas adoro o facto de o texto ter CINCO fotos de comida. É mesmo Run 4 Fun! :-) !!! Obrigada Luísa e João

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